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Caio Bonfim o Atleta do Ano

Na noite de quarta-feira, 11 de dezembro de 2024, a inédita conquista de Caio para a marcha atlética do Brasil, foi reconhecida no Oscar do esporte brasileiro. O corredor de marcha atlética  de Sobradinho foi considerado o atleta do ano, consagração auferida pelo Prêmio Brasil Olímpico 2024.

Já são duas medalhas de bronze em Mundiais e quatro medalhas (duas pratas e dois bronzes) em Jogos Pan-Americanos. O pódio olímpico de Paris teve Brian Daniel Pintado, do Equador, com o ouro (1:18.55), o brasileiro Caio Bonfim com a inédita prata (1:19.09) e o espanhol Alvaro Martín com o bronze (1:19.11).

A prova, que nem era muito popular no Brasil, sempre foi assunto na casa de Caio. Afinal, ele é filho de Gianetti Sena Bonfim, ex-marchadora, e de João Sena, que foi técnico da esposa. É um amor que vem de casa.

Toda a família está envolvida com a disciplina, inclusive como equipe – a família Sena Bonfim é a condutora do CASO, Centro de Atletismo de Sobradinho (DF), que trabalha com crianças e jovens como projeto social e também com o alto rendimento, e já formou outros atletas olímpicos, como Gabriela Muniz e Max Batista.

Caio diz que sempre foi um menino ativo, daqueles que não paravam quietos e davam trabalho na escola. Por isso, sempre foi incentivado à prática esportiva, nas diversas modalidades. Sua primeira paixão foi mesmo o futebol, e Caio chegou a atuar nas categorias de base do Brasiliense – era lateral esquerdo. Mas, aos 13 anos, fez testes no atletismo, a pedido do pai.

Em 2007, com 16 anos, decidiu virar atleta da marcha atlética – o futebol já tinha gente demais, concluiu Caio. Ele disputou suas primeiras competições na marcha atlética. Foi campeão brasileiro de menores e vice-campeão brasileiro juvenil. Gianetti, que foi octampeã nacional, medalhista sul-americana e ibero-americana, estava encerrando a carreira. Os pais, então, viraram seus técnicos.

Cinco anos depois de sua estreia no atletismo, Caio já estava disputando sua primeira Olimpíada. Em Londres-2012, aos 21 anos, realizou um sonho, que não era só seu, mas também de Gianetti. A capital inglesa tem significado especial para o marchador. Foi nas ruas de Londres que ele conquistou seu primeiro pódio em Mundiais, na edição de 2017. Mas foi o 39º e saiu de cadeira de rodas - passou mal durante toda a prova, também por ter comido uma maçã antes da largada.

A segunda Olimpíada foi em 2016, no Rio. Caio lembra do privilégio de disputar uma edição dos Jogos em casa, e do "quase" na classificação final: o brasileiro foi quarto colocado, a apenas 5 segundos da medalha de bronze.

Mas um dos grandes ganhos por ter marchado no Brasil foi a vitrine que a Olimpíada trouxe para a marcha. A disciplina sempre foi alvo de preconceitos pelo balançar dos quadris. Caio afirma que as palavras ofensivas que ouvia ao treinar na rua diminuíram, e os incentivos aumentaram. "Agora a buzina vem acompanhada de um positivo e de alguma frase legal."

Nos Jogos de Tóquio, realizados em 2021 por causa da pandemia de covid-19, Caio foi o 13º colocado. Ficou a frustração. O bom preparo vinha junto com o sonho da medalha olímpica. Mas Caio cansou e não teve fôlego para o pódio.

Em 2023, no Mundial de Budapeste, a marcha foi responsável pela única medalha do Brasil, a segunda de Caio. Ele também conquistou duas medalhas nos Jogos Pan-Americanos de Santiago – prata nos 20 km e bronze na maratona de revezamento misto. Por fim, venceu o Circuito Mundial de marcha, o que premia a regularidade do atleta.

Em 2024, Caio abriu a temporada em março e garantiu o índice olímpico com o bronze Grande Prêmio Chinês de Taicang, com 1:17.44 (a marca mínima exigida pela World Athletics era de 1:20.10), seu melhor resultado pessoal e recorde brasileiro.

Também se destacou no Mundial de Marcha Atlética por Equipes, em Antalya, Turquia, em abril. Ao lado de Viviane Lyra, alcançou a vaga olímpica no revezamento misto da maratona da marcha atlética. Em Paris, a dupla ficou entre as top 8 - conquistou a 7ª colocação (2:54:08). 

O brasileiro lidera o Tour Mundial 2024 dos 20 km marcha atlética (similar a Diamond League da marcha), com 4.072 pontos, por seus três resultados em Taicang (CHN), no dia 3 de março (1:17:44), em La Corunã (ESP), em 18 de maio (1:17:52), e na Olimpíada, em Paris, no dia 1 de agosto, com o tempo da medalha de prata (1:19:09). O segundo colocado é o campeão olímpico, o equatoriano Brian Pintado (4.068 pontos), e o terceiro o medalhista de bronze em Paris, o espanhol Álvaro Martín (4.035 pontos).

Caio Bonfim já anunciou que disputa mais um ciclo olímpico, até Los-Angeles 2028. Caio já competiu a Olimpíada de Paris, com o índice dos 20 Km assegurado para o Mundial de Tóquio 2025 (Japão), que será realizado 13 a 21 de setembro. 

Ficha técnica

Caio Sena Bonfim
Data e local de nascimento – 19/3/1991 – Sobradinho (DF)
Treinador – Gianetti Sena Bonfim
Clube – CASO (DF)
Recorde pessoal – 1:17:44 – 3/3/2024 – Taicang (CHN), recorde brasileiro (NR)