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Academia de Letras e Belas Artes de Sobradinho

A Academia de Letras e Belas Artes de Sobradinho – ALAS – que iniciou os trabalhos de para sua criação no dia 29 de novembro de 2021, foi formalizada, no último dia 13 de maio, quando Sobradinho completou 62 anos de existência e chega para suprir uma lacuna no cenário cultural da cidade. A posse da diretoria será hoje,20, às 20h no Clube do SESI.

 

A abrangência da denominação, incluindo Belas Artes, vem da intenção de “enaltecer e incentivar os fazeres culturais de Sobradinho, projetando-os no Distrito Federal e em todo o Brasil”, de acordo com a presidente da entidade, Rosemaria Alves, que é cantora, agitadora cultural e ex-gerente de Cultura da cidade.

Segundo Rosemaria - que formatou o projeto da ALAS e o discutiu com um grupo de intelectuais - apesar da falta de recursos, a ideia é agregar os vários segmentos artísticos, escritores, professores de literatura, poetas e poetisas, além de artistas plásticos e visuais, o que ela não considera excesso de abrangência, uma vez que a própria Academia Brasileira de Letras - ABL – empossou recentemente o cantor e compositor Gilberto Gil e a atriz Fernanda Montenegro.

“Se você lida com música, você lida ou produz letras; se você lida com teatro, você lida com textos; então não vejo nada de incoerente nisso”, explica a presidente.

DULCINA DE MORAES

A Academia de Letras e Belas Artes de Sobradinho terá como patronesse Dulcina de Moraes, atriz e fundadora da Faculdade de Artes Dulcina de Moraes e da Fundação Brasileira de Teatro-FBT, falecida em 1996. Além da diretoria com 17 membros, a ALAS se comporá de 40 cadeiras, que também podem ser ocupadas por membros da diretoria.

A ALAS não tem nenhum apoio do poder público, nem endereço específico, ainda. Está funcionando provisoriamente na casa da presidente, no bairro Nova Colina. Os ocupantes das cadeiras serão escritores e artistas locais, convidados pela diretoria. Eles próprios apontarão os patronos de suas cadeiras.

A presidente Rosemaria Alves tem intenção de fazer da ALAS uma casa dinâmica, que não fique apenas em chás e eventos internos, mas possa produzir atividades, envolvendo a comunidade, como saraus, feiras, lançamentos de livros e encontros literários.

Ela explica como será este dinamismo: “Durante a realização de uma feira literária, podemos ter atividades culturais paralelas, como um artista pintando um quadro ou um cantor interpretando suas canções”.

FORMAÇÃO DE LEITORES

Outra preocupação da presidente é com a formação de leitores. Para isso, a Academia já está solicitando às escolas que indiquem nomes de professores e alunos, que tenham habilidades ou tendência literárias, para se aproximarem da Academia.

“Vamos adentrar nas escolas porque lá existem alunos que escrevem bem e têm intenção de ser escritores”, afirma. Outra ideia é ir ao encontro das crianças, principalmente da periferia, e conquistá-las com a contação de histórias e, assim, formar novos leitores.

Rosemaria explica que muitos professores, que ocupam a diretoria da ALAS, dominam a didática e a dinâmica literárias, o que facilita ações neste sentido. “A diretoria, está motivada e disposta a cumprir o que está estabelecido no estatuto.”

A ideia é formar um “team” competente e consciente, que possa dar apoio aos escritores, artistas e leitores, na criação de um clube de livros, com trocas de obras; uma equipe para contação de histórias e participação em eventos literários.

CIDADE-ARTE

Rosemaria informa que, apesar de ter nascido ontem, a ALAS já foi convidada para a Feira Literária de Brasília, realizada no Museu da República, e tem convite para a Feira do Livro de Águas Lindas.

Tudo isso, segundo Rosemaria, é importante para divulgar os escritores, os artistas locais e suas obras, que devem chegar o mais longe possível. “Onde estiver pelo menos um membro da ALAS, estará representada a Academia”, pontua.

A presidente da ALAS adverte que, apesar de Sobradinho deter o título de Cidade-Arte, os artistas e escritores daqui não têm a visibilidade que merecem, porque não recebem apoio do poder público. Rosemaria diz sentir muito a falta deste apoio às iniciativas culturais. 

“Se o poder público olhasse para a questão cultural, como devia, Sobradinho seria mais desenvolvida e teria uma imagem melhor no DF e no País”, avalia. 

ESPAÇOS PÚBLICOS

Outra meta da diretoria da ALAS é a revitalização dos espaços públicos, onde a cultura poderia florescer, como a Galeria Vincent van Gogh, que, segundo a ALAS, podem ser mais dinâmicos e melhor aproveitados. O que, certamente, depende de acertos com o poder público.

A presidente da ALAS reclama que alguns espaços estão abandonados e servindo a propósitos muito distantes de uma necessária política cultural. Ela relata que, quando assumiu a Gerência de Cultura, em 2019, tentou ativar um espaço para destiná-lo a uma biblioteca pública comunitária, na Quadra 18, e não obteve sucesso.

A então gerente tentou, também, implantar a gelotecas de livros (geladeiras antigas, pintadas e decoradas, que servem de estantes), mas não conseguiu espaço para instalá-las. 

“Segundo ela, o sistema de gelotecas funciona bem no Guará, onde é apoiado pela Secretaria de Cultura. 

“As gelotecas são uma opção mais adequada do que simplesmente deixar os livros nas paradas de ônibus, experiência que não teve muito êxito em Sobradinho, porque as paradas não têm estrutura para manter os livros, que ficam à mercê de intempéries, da chuva e da poeira”, afirma.

A Presidente da ALAS encerra, garantindo que Sobradinho já conta com sua academia de letras, desde o dia 13 de maio de 2022, e convida escritores, artistas, professores, estudantes e a comunidade para a posse da diretoria, na noite de hoje no Sesi da Quadra 13 de Sobradinho. 

José Edmar Gomes