Dominação - Cesar Cantu
A estrutura fundamental da dominação é matéria da geopolítica: A dominação de um Estado sobre o outro. Essa é a raiz profunda de toda dominação. Certamente, ao longo da história, todos os Estados foram dominados por outros e alguns se tornaram dominadores. O Brasil, desde o seu descobrimento, tem sido, clara e compassivamente, dominado. Portugal nos chamava de colônia e, hoje, somos considerados o quintal dos EUA. A China foi dominada pelos ingleses por 150 anos.
A dominação entre Estados evoluiu por três etapas sucessivas e com características cumulativas:
- COLONIALISMO: Domínio político e econômico: O país dominador controla o poder político do dominado, usurpa a sua riqueza natural e impõe regras de produção.
- COLONIALIDADE: Domínio pela cultura e educação. Substitui-se os desejos, anseios, a maneira de vida e o modelo educacional próprios pelo do dominador . A cultura e o modelo educacional prevalecentes no Brasil hoje atende aos interesses dos EUA;
- COLONIOLIDADE: Domínio pela mente. O povo dominado assume o ideário e os valores do dominador e perde a sua identidade. Esse é o estágio para o qual o povo brasileiro caminha em relação aos EUA.
Essa dominação entre Estados interfere totalmente na dominação interna, a dominação entre classes. Cada classe, a partir da elite, domina as inferiores e usurpa seus valores e direitos.
Muitos países tentam minimizar a dominação interna sem conquistar a própria soberania em relação aos seus dominadores. Acabam sendo mal sucedidos ou encontrando grandes dificuldades.
É muito difícil livrar-se da dominação de um país quando ela já atingiu as três etapas referidas. Trata-se de uma luta desigual. Uma estratégia que pode dar certo é alinhar-se a outro poderoso ou a um grupo de países (Exemplo, BRICS) que, no conjunto, podem representar poder considerável.
Mas, cautela deve ser tomada: De nada adiantará trocar o abraço de um urso por outro.
César Cantu
São Paulo, 21.09.2021