Pesadelos. Quem não os tem? Cesar Cantu
Pesadelos, todos temos que enfrentar, vez ou outra.
De repente, vi-me lançado no púlpito de um júri político com a incumbência de defender o presidente Bolsonaro. Clima tenso. Questão de vida e morte, para ele e para mim.
Olhei para o promotor, transpirava ódio. O júri, circunspecto, como se já tivesse tomado a decisão. Apelei, com um olhar, para o Juiz que me inquiriu ríspido: Fale. Eu devia falar, sem outra alternativa:
- Senhores (as)......
- É preciso saber que as aparências, muitas vezes, enganam.....
- É preciso analisar sob a ótica do impensável para.........
- A natureza traçou, para os seres vivos, não um percurso retilíneo, mas sinuoso, com subidas e descidas íngremes.....
(Entusiasmei-me com essa linha de defesa)
- Nem sempre montanhas podem ser removidas como se deseja.....
- E nem pontes podem ser construídas para transpor os vales.....
(Senti-me suando frio)
- E, como vinha dizendo, a tolerância e a bondade são as essências maiores de todo ser humano.....
(Senti o júri incomodado, remexendo-se nas poltronas. Precisava fazer algo).
- Olhai para o céu e vede um novo sol brilhando para.....
(Meu corpo tremia em calafrios).
Nisso acordei. Que alívio! Totalmente estressado, pensei: Esqueça, foi apenas um pesadelo.
Não resolveu. O pesadelo do sono era realidade, acordado.
César Cantu
São Paulo, 2021.09.09