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Bastidores do futebol - Ruy Telles

Meu grande sonho, sempre foi o de um dia poder entrar no Maracanã, para assistir uma partida de futebol; sonho que só eu acreditava, pois parecia ser impossível, para um pobre menino pobre eu sonhava, mas ele se realizou, quando fui transferido, como sargento do Exército Brasileiro, para Brasília. Menos de 1 mês na cidade, sem conhecer ninguém ligado ao futebol de Brasília, vesti minha “cara de pau”, e fui conversar com o, saudoso, Wilson de Andrade, então presidente da federação local.

Como meu curriculum esportivo era muito bom, como atleta em várias modalidades; no futebol, por todas as etapas, de gandula a técnico, passando por jogador, árbitro, preparador físico. Após me informar, durante alguns dias sobre o como funcionava a parte burocrática da federação, fui nomeado diretor de futebol profissional. Logo a seguir o presidente renunciou, a fim de aceitar uma proposta profissional, em São Paulo; o vice assume e tempos depois, também, renuncia pelos mesmos motivos profissionais; foi quando vi a oportunidade que sempre desejei. Após uma campanha eleitoral muito disputada, acabei eleito presidente da federação, em agosto de 1978; pouco mais de 1 ano na cidade.

Foi quando começou o meu relacionamento com o outro lado; o lado da cartolagem. O que vem acontecendo nesta fase da Copa América, é consequência de algo que eu já havia previsto, naquela época. A partir de então, participei, ativamente, como pivô,  de todas  as mudanças do futebol brasileiro, até o término de meu mandato, em 1983. Dentre essas mudanças está a transformação da CBD, que era mandatária de todos os esportes, em CBF, que se dedica só ao futebol; queda de Heleno Nunes e eleição de Giulite Coutinho; cobrar da TV o direito de transmissão, o que era de graça; uso de publicidade nos uniformes; participação do futebol, na arrecadação da Loteria Esportiva e outras mudanças, mas o que precisaria, realmente ser mudado era a profissionalização dos cartolas, que continuam a agir de forma amadora.

Imaginem uma empresa, em que os empregados são profissionais e os dirigentes amadores, ou seja: fatalmente seria a falência; sendo que os diretores acabam o mandato e vão embora, enquanto o prejuízo fica para quem se arriscar em assumir a condução do clube. Tudo isso, em detalhes é contato em meu livro, OS BASTIDORES DO FUTEBOL BRASILEIRO, que será lançado, antes do final deste ano. 

Ruy Telles - Sobradinho