O Exército e o sentido de patriotismo - César Cantu
Em 19.04.comemorou-se o Dia do Exército Brasileiro, em homenagem à vitória do exército português libertando parte do Brasil (hoje Pernambuco) do domínio holandês, em 1648. Como se vê, não é um referencial marcantemente brasileiro. Se foi uma libertação ou não para o povo brasileiro, fica a critério de cada um decidir.
Quando se refere à Forças Armadas, surge a palavra patriotismo. “Patriota é o que ou aquele que ama a Pátria”. “Pátria é o país em que se nasce e ao qual se pertence como cidadão”. Muito relevante enfatizar que o termo Pátria refere-se ao território, sem explicitar, objetivamente, o elemento principal, o povo.
O artigo 142 da Constituição estabelece: “As Forças Armadas, constituídas [......], e destinadas à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”. Por isso, em prol do patriotismo, os poderes constituídos podem levar milhares, muitas vezes, milhões de “patriotas” a perderem a vida em defesa do seu território e / ou outros interesses escusos ou, pior ainda, em usurpar o território de outro. Seria esse o motivo pelo qual o ideário militar não privilegia tanto o povo; foca-se mais na Pátria - o território físico e os poderes oficialmente constituídos. Está aberto o direito de massacrar o povo em defesa da Pátria assim, restritivamente, definida.
Derivado de patriotismo existe o termo “patriotada - uma demonstração ostentatória de patriotismo”. Quando alguém se insurge contra os crimes de lesa-Povo e, muitas vezes, de lesa-Pátria, sempre aparece alguém clamando: “Você não é patriota”. Autêntica patriotada.
Nesse sentido, feliz foi Samuel Johnson (Pensador inglês) com a sua frase: “O patriotismo é o último refúgio do canalha”.
O verdadeiro patriota existe, mas torna-se raro e, infelizmente, por culpa da própria Constituição.
César Cantu
2021.04.19