Chegou a conta de uma tragédia anunciada - Carlos Henrique Abrão
Por Carlos Henrique Abrão
Esbanjamentos do passado mediante as inócuas realizações de jogos olímpicos, paraolímpicos e copa do mundo, bilhões jogados pelo ralo, esgoto afora, agora a conta chegou e quem paga somos nós com a própria vida, diante da incúria e irresponsabilidade governamental, na medida em que a vacinação caminha a passo de cágado.
Depois de um ano do começo da pandemia involuímos e as mortes aumentam. constantemente, faltam leitos de UTI e diversos estados não têm condições de arcar com os custos. Batem na porta do STF que manda o Governo Federal
bancar a conta. Triste ilusão, porquanto o valor será cobrado mais cedo ou mais tarde do contribuinte.
Uma Nação em crescimento e pífio desenvolvimento, com dados do produto interno bruto sofrível, não pode se dar ao luxo de realizar eventos internacionais e globais, apenas para satisfazer a ilusão e volúpia dos governantes que fizeram das festas carnavais de dinheiro. Hoje dezenas de campos de futebol parados sem qualquer atividade e instalações das olímpiadas abandonadas.
Somos perdulários e como,agora que avança a pandemia com a mutação do vírus e perto de bater a marca de 300 mil mortos talvez acordemos do pesadelo, do sonho dantesco gerado e não criado pela vontade popular e sim por parasitas que desgovernam e levam a Nação brasileiro ao estado caótico e multidisciplinar de paralisação com o fechamento generalizado de tudo em pouco tempo.
E os famigerados planos de saúde que cobram e reajustam quando e como querem não dão conta do recado sempre tem uma cláusula restritiva e com participação. Ou seja, a população envelhece e já paga hoje uma pequena fortuna. A seguir o ritmo da carruagem com o desemprego apenas 20 por cento da população poderão ter planos ao preço salgado que jamais terá acesso a classe trabalhadora e média renda.
Não há do que se ufanar mas sim de se preocupar com o País que jamais chega ao seu amanhã melhor e não projeta seu próprio futuro, gerações perdidas, indigentes que perambulam pelas ruas, e milhões de imóveis para locação e ou venda.
Eis um triste retrato da conta que chegou para todos pagarem, enquanto isso nossos governantes não se acham, deixam de escolher o caminho mais seguro. Países vizinhos já vacinaram mais de metade da população e aqui não contemplamos sequer 5 por cento.
Enfim,a tragédia anunciada parece avizinhar a passos largos, somente a esperança divina para nos proteger e livrar o Brasil de uma das mais dramáticas realidades de um despreparo seguido de falta de planejamento e total omissão pela vida alheia.
Carlos Henrique Abrão é Doutor em Direito Comercial pela USP com especialização em Paris, professor pesquisador convidado da Universidade de Heidelberg, autor de obras e artigos.