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Por que precisamos manter os calendários na parede da cozinha? - Valéria Ramos - Sobradinho

  Há alguns anos, tenho me tornado 

ainda mais impaciente. Se alguém  

ainda acredita ingenuamente que  

paciência deve ser uma qualidade  

feminina, ledo engano. Não é questão  

ideológica. É biológica mesmo. O  

sangue também é quente e ouvido de  

ninguém deve virar pinico. Então tenho  

conversado com menos pessoas. 

 É isso que me fascina na Biologia.  

Uma ciência embrionária, semeadora.  

Que se questiona a todo instante e se  

manifesta somente após a comprovação dos fatos. Após fervorosos debates,  testes, indagações, provocações. Nos afastando do empirismo com sua missão  social. Pois o cientista, não quer perder tempo com tanta bobagem que ecoa  longe dos cérebros. Se almeja premiações? E daí? Um cientista trabalha  muito mais do que consta em sua Carteira de Trabalho. Pois dedica sua vida à  busca pelo conhecimento. 

 E sobre isso, ninguém me disse. Eu vi. Pois trabalhei com eles. São  absolutamente normais. Têm vida pessoal, se divertem, são extremamente focados e dinâmicos, com eles sexta-feira não é desculpa. São autocríticos e  divertidos. Educados o bastante, para reconhecer um estudante promissor ou  exímio profissional. Os grandes são assim. Apaixonados por sua carreira e  pelo Brasil. 

 Por isso, acho que devemos resgatar aquele antigo hábito de pendurar um  calendário na cozinha de casa. Para nos situarmos no avanço dos anos. E  entendermos de uma vez por todas, que o tempo passou. Que entramos numa  era definitivamente globalizada e tecnológica. Onde um batalhão de  especialista e auxiliares, travam uma guerra contra o mesmo inimigo. Trocando  algumas cartas e tecnologias, suficientes para países subdesenvolvidos,  mostrarem seu capital humano, graças ao avanço da Engenharia Genética. 

 Olha aí o RnA agora no nosso vocabulário. Não tem mais volta. Não adianta  bater o pé e nos comportarmos como se vivêssemos num mundo bipolar.  Somos plurais, a China é sim uma superpotência, o Brasil tem ótimos  cientistas, que deveriam ser nosso trunfo, nosso pulo-do- gato para trazer mais  confiança e realismo ao brasileiro. Ninguém enlouquece por estudar o  bastante. A insanidade está na ignorância. E o medo no desconhecido. 

  

Valeria Ramos. Imagem de livre uso: https://unsplash.com/s/collections/biology