Imagem responsiva

Imóveis funcionais em Brasília - Ruy Telles

Quando da fundação de Brasília, em um cerrado inóspito, a maioria dos funcionários públicos, principalmente os lotados no Rio de Janeiro, colocavam os mais variados motivos, para permanecerem, na “dolce vita” das praias cariocas. A fim de que, mesmo a contra gosto, não tivessem muitos prejuízos, o governo federal adotou uma série de vantagens, tais como: dobrar o salário, durante algum tempo, passagens de avião gratuitas, para visitarem suas bases, ou familiares, assim como moradia gratuita, os chamados imóveis funcionais. E, é justamente, esse tópico que abordarei.

Existem algumas categorias de funcionários, que são transferidos para Brasília de forma coercitiva, a exemplo dos militares, cujo salários seria todo consumido em moradia, caso eles tivessem que pagar aluguel, o que acontece com 90% dos mesmos, em quase todas as cidades do País. Mas, a razão principal desta minha lauda, é falar dos imóveis destinado aos políticos. Politica não é coercitivo, mas sim benesse comprada. Quando alguém se candidata a ser presidente, vice, senador ou deputado, sabe que deverá morar em Brasília, assim como um médico, engenheiro, advogado e outros tantos profissionais que para cá migram, sabem que terão que arcar com suas despesas de moradia, alimentação, educação dos filhos, transporte, etc...Vou citar, somente os deputados federais, e por analogia, imaginem os demais cargos.

Em Brasília o quarteirão é chamado de quadra, o edifício é chamado de Bloco. A Câmara dispõe de 432 apartamentos. Eles estão localizados na 302 Norte (9 blocos), 202 Norte (4 blocos), 311 Sul (3 blocos) e 111 Sul (2 blocos).  Alguns desses edifícios estão interditados por não estarem em condições de uso. Os imóveis são amplos, têm quatro quartos, cinco banheiros, sala de 80 m². Um benefício de primeira linha para hospedar equipe e convidados dos parlamentares que vêm dos Estados. Por isso só, poderíamos dizer que é uma aberração, mas aberração maior está em que mesmo existindo o imóvel, alguns abrem mão desse benefício, mas não do auxilio moradia.

Imóveis deteriorando, enquanto o Estado paga auxílio moradia, mensalmente para quem vem na terça feira, à tarde, e retorna (as bases) na quinta, ou seja, fica em hotel duas noites e vai embora, recebendo um “bom” complemento aos seus baixíssimos salários. Citei o caso dos deputados, que vale para os senadores. Não vou falar daqueles que cedem o apartamento funcional para parentes enquanto ficam só dois a três dias por semana, em Brasília. 

Ruy Telles