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Globo x Bolsonaro: quem pode e perde mais?

Começar uma briga é fácil. Terminá-la, para evitar danos maiores, nem sempre.  Porém, este é o conselho mais recomendável. Raramente, quem parte para o conflito age com visão estratégica, tendo capacidade e competência de medir os impactos e consequências da pancadaria no curto, médio e longo prazos. Por dever de ofício, militares agem racional e estrategicamente. Empresários deveriam agir assim. Políticos, também, mas quase sempre optam pela reação emocional. O resultado final costuma ser desastroso.

Uma guerra real entre forças gigantes costuma produzir grandes estragos, para ambos os lados. Muitas vezes, no fim, vale aquela irônica máxima de Machado de Assis: “Ao vencedor, as batatas”. Ou seja, nem toda vitória compensa no final. Pior ainda: o altíssimo custo de vencer pode não compensar. Ao derrotado, nem se fala. A coisa sempre fica pior. O estigma de perdedor quase sempre é negativo. A não ser quando parece que vale a pena tirar proveito da postura de vítima. O “coitadismo” é um fenômeno muito comum. Mas o rótulo de “vencido”, na realidade, é negativo, desfavorável.

A guerra escancarada do Grupo Globo contra Jair Bolsonaro e a família dele merece uma análise criteriosa porque tem um componente gravíssimo. Por princípio ético, não é legítimo que uma concessionária outorga pública (emissora de TV e Rádio) promova ataques sistemáticos e ostensivos ao Presidente da República (e, por extensão, ao Governo Federal). Não vale evocar o direito à liberdade de expressão jornalística aplicáveis a outras mídias – empresas privadas que independem de permissão estatal para funcionar.

Por outro lado, também é inconstitucional que o Presidente da República use a máquina estatal e seus aparelhos repressivos para atacar veículos de comunicação – sejam ou não concessionários do poder público (caso de emissoras de rádio e televisão). Também não é correto, do ponto de vista moral e ético, que o Presidente da República promova perseguições a jornalistas e ataques diretos contra empresas privadas de comunicação.

Tal princípio vale para o Estado em uma sociedade normal, civilizada, onde as leis fundamentais e essenciais são respeitadas por consciência dos cidadãos, e não por mera coerção estatal. Este não é o caso do Brasil. O Presidente Jair Bolsonaro foi eleito, surpreendentemente, contra a vontade da extrema-mídia – viciada em receber bilhões de reais em verbas publicitárias dos governos anteriores. Desta extrema-mídia fazem parte jornalistas que se rotulam como “progressistas”, “de esquerda” – em posição política e ideológica inversa em relação a Bolsonaro – pintado de “fascista” por seus inimigos midiáticos.

Voltando à específica guerra entre o Grupo Globo e Bolsonaro, a situação saí de controle. Depois da manobra jornalística canalha, insistente e fracassada para relacionar Bolsonaro aos policiais acusados de serem milicianos que participaram do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson dos Santos, a Rede Globo também usou sua liberdade de expressão artística para espancar o Presidente. Sábado, o humorístico Zorra Total começou com uma “gozação” do imitador de Bolsonaro, fazendo uma paródia do vídeo no qual o Presidente contratacou a “fake news” do Jornal Nacional sobre o caso Marielle. A Globo brincou com coisa séria...
Na contraofensiva ao ataque global, Bolsonaro exagerou ao sugerir que pode agir com “rigor seletivo” na renovação da concessão das principais emissoras da TV Globo, cujo vencimento é previsto para 5 de outubro de 2022. Bolsonaro advertiu que exigirá que a Globo esteja em situação completamente legal e em dia com o pagamento de impostos no momento de renovar as outorgas. A polêmica promete esquentar porque vazou a especulação de que a bancada evangélica no Congresso Nacional teria firmado um compromisso de fazer pressão e votar contra as renovações da Globo. Será uma briga titânica coincidindo com a próxima eleição presidencial e o final do mandato de Bolsonaro...

A Globo é um perigoso inimigo editorial para qualquer um, particularmente Bolsonaro. Em tese, o Grupo Globo tem cacife econômico para suportar uma guerra dura contra o Presidente e o Governo. O último balanço da Globo Comunicação e Participações S/A, assinado, sem ressalvas, pela Ernest & Young em 7 de março de 2018, revela uma empresa bilionária e saudável, com um caixa invejável e um patrimônio líquido de R$ 14 bilhões. No período analisado, a Globo compensou uma perda de receita de R$ 500 milhões com a redução de seus custos operacionais e financeiros.

Resta aguardar o próximo balanço para constatar se haverá novas perdas em função da redução de publicidade oficial ou de queda de veiculação anúncios de empresas privadas,como reflexo da guerra contra Bolsonaro. Nas redes sociais da Internet, estourou uma campanha viral dos Bolsonaristas recomendando um boicote à audiência e publicidade contra as emissoras de televisão, rádio e jornais e demais produtos do Grupo Globo. Será que tal “campanha” atingirá os efeitos contra uma organização de expressivo capital financeiro?

Se a resposta é incerta, parece bastante provável que a Globo sofra uma grande perda de credibilidade, caso insista nos ataques editoriais falsos e covardes contra Jair Bolsonaro. A família Marinho precisa tomar cuidado com o que fazem seus veículos e jornalistas. Afinal, é a credibilidade que sustenta o poderio econômico. Tal perda pode ser fatal... Além disso, mesmo que a Globoplay comece bem, com perspectivas de crescimento e evolução velozes, o risco de perder a concessão da televisão aberta pode causar prejuízos imprevisíveis.

A História demonstra que as brigas incontroláveis de grupos de comunicação contra governos e dirigentes podem acabar muito mal para os empresários. No regime dos presidentes militares (1964 a 1985), as emissoras Excelsior (Grupo Simonsen) e a Rede Tupi (Diários Associados) acabaram exterminadas porque afrontaram o poder estatal. A Globo é infinitamente mais bem administrada que as vítimas do passado. Porém, fica sempre a dúvida: será que ela sobrevive a uma briga feroz contra um governo federal? Historicamente, a Globo sempre foi “governista”. A “oposição” ao Governo Federal é uma novidade para a Globo...

Jair Bolsonaro necessitará de muito sangue frio para enfrentar essa guerra suja promovida pela Globo e outros representantes da extrema-mídia menos votados e com menor poder econômico. O Presidente não pode incorrer no erro primário e nada estratégico de desobedecer aos preceitos constitucionais e legais na batalha repleta de canalhice, covardia e patifaria.

A sorte (ou o azar) estão lançados... A queda será do Bolsonaro ou do Império da Família Marinho? Em pouco tempo, saberemos quem perde mais na guerra de extremo desgaste para ambas as partes...