Orquestra Sinfônica terá uma noite histórica na terça-feira
A Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro (OSTNCS) viverá uma “noite histórica” na terça-feira (22), no palco do Cine Brasília. A avaliação é do titular Cláudio Cohen em relação à apresentação da Sinfonia nº 1 em Ré Maior de Gustav Mahler, composta entre 1887 e 1888 e chamada pelo compositor checo da virada do século 19 para o 20 de Titã, em razão dos traços grandiosos de seus quatro movimentos, com duração aproximada de uma hora.
A expectativa de que será uma ocasião de gala está também no fato de que a orquestra será conduzida pelo maestro convidado Isaac Karabtchevsky celebridade nacional com a batuta nas mãos. “Receber Isaac Karabtchevsky é, para a OSTNCS, um acontecimento histórico, seja pela sua trajetória artística ou pela larga experiência a compartilhar com nossos músicos”, diz Cohen.
O maestro radicado no Rio de Janeiro é paulista de nascimento e completará 85 anos em dezembro. Ele acompanha de longe os preparativos da Orquestra para o grande momento. Seu assistente e ex-aluno, o jovem regente Leonardo David, titular da Orquestra Camerata Sesi (ES), já ensaia em Brasília a bela peça de Mahler (1860-1911), considerada fruto do ápice do movimento romântico em música clássica.
David, que não conhecia o corpo sinfônico do Teatro Nacional, desdobrou-se em elogios depois do contato com os músicos. “São maravilhosos, de alto nível técnico. Estou encantado. Vou dividir essa avaliação com o Karabtchevsky”, afirmou, depois de passar os primeiros três movimentos da difícil peça de Mahler.
Mahler, o compositor escolhido, “está presente no imaginário de qualquer regente. Contribui para isso o fato de o compositor ter sido um dos mais importantes regentes de seu tempo”, diz Karabtchevsky, que concilia concertos mundo afora com o trabalho de diretor artístico do Instituto Baccarelli, em São Paulo. Trata-se de projeto social na Comunidade de Heliópolis que reúne 1.500 estudantes distribuídos entre cinco orquestras sinfônicas e 17 corais. Ele chega a Brasília na próxima segunda-feira (21), véspera do concerto. Ele revela que já regeu a Sinfonia nº 1 pelo menos 60 vezes, com diferentes orquestras em todo o mundo.
Polêmica
Apresentada ao público em Budapeste (Hungria) em 1889, a crônica registra que a obra-prima de Mahler não foi bem recebida na primeira audição, alimentando polêmica entre admiradores e críticos do compositor. A peça foi inspirada por uma paixão que Mahler teria tido. Essa joia do romantismo é classificada na literatura especializada ora como sinfonia (gênero musical em que nenhum instrumento musical se destaca), ora como poema sinfônico (forma de música orquestral em um único movimento).
A noite será especial ainda porque marcará o reencontro de Karabtchevsky com suas memórias. “A volta a Brasília será emocionante. Foi nessa cidade que, a convite do então presidente Juscelino Kubitscheck, eu dirigi o Madrigal Renascentista na festa de inauguração da capital federal, em 1960, executando a Missa da Coroação, de Mozart”. O Madrigal é um coro profissional, Patrimônio Cultural de Belo Horizonte, fundado por ele e outros músicos quatro anos antes de Brasília nascer. Uma apresentação da OSTNCS cheia de significados portanto.
Serviço
Concerto Gustav Mahler
Sinfonia nº 1 em Ré Maior de Gustav Mahler (60 minutos)
Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro
Regência de Isaac Karabtchevsky
Data: 22 de outubro
Local: Cine Brasília, Entrequadra Sul 106/107
Entrada franca por ordem de chegada até a lotação do espaço. Os portões são abertos às 19h15 para idosos e pessoas com deficiência e às 19h30 para o público em geral. O concerto começa às 20h.
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