Sobradinho enlutado e um Ribeirão fedido
Sobradinho enlutado
A qualidade de vida de toda a população da bacia hidrográfica do ribeirão Sobradinho sofreu ataque mortal esta semana. Já moribundo, nosso ribeirão vinha sofrendo continuados ataques por parte da insensibilidade ambiental dos nossos governantes aliada com a grande e perversa indiferença de todos os moradores da bacia.
Esta semana, dia 03/10/19, nosso ribeirão foi vitima do traiçoeiro Decreto 40.150/2019, assinado por nosso governador, entrincheirado no Palácio do Buriti na defesa de um modelo de desenvolvimento local insustentável e sem a qualidade ambiental necessária para sequer almejar a melhoria dos níveis de qualidade de vida de todos.
Suiçida, esse gesto fatídico mereceu edição especial do Diário Oficial do DF e autoriza a instalação da cidade Urbitá entre Sobradinho e Sobradinho II, às margens da BR 020, ali depois da ponte, com estimativa de abrigar 120 mil novos moradores na bacia hidrográfica do já poluído Ribeirão Sobradinho. Esse mesmo governo autorizou este mês o revezamento no atendimento de água em Planaltina, Sobradinho, Fercal e outras áreas da nossa região .
Tristes tempos de loucos guiando indiferentes e cegos!
O nome disso é crise hídrica. Os poços artesianos autorizados para atender a esse excedente populacional serão suficientes sem as necessárias áreas de recargas? E o esgoto gerado por 120 mil novos moradores que comem e descomem religiosa e diariamente? Serão lançados in natura nas refrescantes águas do nosso ribeirão como ocorre hoje com suas águas cristalinas impróprias para usos humanos?
A estação de tratamento de esgoto de Sobradinho foi dimensionada para quando éramos 40 mil felizes moradores e podíamos nos refrescar nas águas generosas em dias de calor. Hoje ultrapassamos 200 mil pessoas significando ambientalmente com nossos hábitos pessoais de consumo e processos de produção.
Estamos todos em luto profundo. O movimento SOS Ribeirão Sobradinho luta há anos pela revitalização do Ribeirão Sobradinho. Sua morte vem sendo anunciada a sucessivos governos que primam pelo analfabetismo ambiental e constroem o futuro sem qualidade de vida.
Resta transformar nosso luto fechado em luta aberta. Não há esperança nesse modelo sem sustentabilidade ambiental. Vamos ficar e resistir? Esse Decreto 40.150/2019 pode marcar sua estória de indignação ou conformismo.
Eles, empreendedores e políticos, sem alfabetização ambiental alguma, irão viver no bem bom em Miami. Vai ficar prá nós um ribeirão fedido.????
(José Leitão)