Operação lava-rabo no país da impunidade - Jorge Serrão
A corrupção no Brasil é estrutural, sistêmica e cultural. Não acaba por passe de mágica. Nem por declaração oficial, por mais honesto que seja ou pareça o dirigente. A praga impede o crescimento e o desenvolvimento do País. Felizmente, um número expressivo de brasileiros resolveu dar um basta, entrando em ritmo de tolerância zero contra a corrupção, os corruptos e corruptores. O mesmo acontece com relação aos preconceitos e aos abusos sexuais.
Agora a corrupção foi “fundo” e, simbólica e literalmente, atingiu seu máximo nível escatológico. Um senador, que ocupava a vice-liderança do governo federal, foi apanhado com dinheiro muito mais adentro da mera cueca. A Polícia Federal teria filmado grana sendo retirada do “fiofó”. O senador conseguiu contrariar o imperador romano Vespasiano, autor da expressão “dinheiro não tem cheiro”. O daqui de Roraima teve... E fedeu...
O caso bem que merecia ser batizado de “Operação Lava Rabo”. Só que ninguém merece isso! Parabéns à Controladoria Geral da União. A CGU tem sido decisiva no combate à corrupção pandêmica – ou pandemônica (meus 12 leitores e meio decidem). O importante é que o trabalho seja aprimorado, com novas forças-tarefas de auditores. A dura realidade da delinqüência empresarial no Brasil exige medidas duras.
A “roubalheira” continua. Acionistas, sobretudo os minoritários, sofrem prejuízos descarados. O mercado demanda um pente fino, principalmente naquelas empresas que têm participação acionária dos fundos de pensão. Muitos dos esquemas armados na Era PT continuam vivinhos da Silva. Contribuintes previdenciários correm perigo de amargar prejuízos absurdos e irreversíveis. A Lava Jato falhou na apuração de crimes societários – que seguem flagrantemente impunes nas empresas de economia mista (nossa jabuticaba) e nas empresas privadas que parecem “estatais”.
Lá fora, o bicho pega... A holding controladora da JBS, J&F, acertou acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos em que se declarou culpada de violar legislação americana contra corrupção e pagará cerca de US$ 128 milhões (R$ 716 milhões) às autoridades do país. Por aqui, ninguém se preocupou em perguntar aos americanos quais os políticos e autoridades brasileiras que estão na lista dos envolvidos.
Temos um grave precedente de pizza no Brasil. A Petrobras foi forçada e aceitou indenizar investidores estrangeiros pelas perdas com as falcatruas do “petrolão”. Estranhamente, a empresa reluta em dar tratamento isonômico aos investidores brasileiros. A petrolífera é alvo de arbitragens na Câmara da Bolsa de Valores. Só que a “estatal” tenta uma embromação: apela ao judiciário para nada pagar. Usa a falsa tese de que é “vítima”... Na verdade, as vítimas foram seus investidores minoritários.
A briga segue intensa nos bastidores empresariais. Em algum momento, a Justiça será feita. Do contrário, investidores só vão aplicar em ações no exterior, onde o judiciário funciona melhor, com menos impunidade aos crimes societários.
A CGU brasileira deve avançar no seu trabalho anti-corrupção. A coisa, por aqui, continua muito escrota. Nada de anormal na anarquia feudal nada republicana e seu Capimunismo tupiniquim...
Relevante
O Ibrasg (instituto Brasileiro de Ativismo Societário e Governança) iniciou uma arbitragem na Câmara da B3 para que sejam indenizados os investidores que sofreram perdas com as ações do IRB em 2020.
Para garantir que possam se beneficiar de uma eventual decisão favorável nessa arbitragem, os acionistas podem se associar ao Ibrasg, bastando se cadastrar no site www.ibrasg.com.
Não há nenhum custo para participar dessa entidade ou para se beneficiar da arbitragem.