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Em dias de Corona Vírus - Pedro Lacerda

NOS DIAS DE CONFINAMENTO E DE CORONA VÍRUS COM O MARIDO PRESO DENTRO DE CASA.

Pois é, né, minha amiga.
Seu marido tá aí há quatro dias trancado em casa sem tomar banho, só comendo, dormindo, peidando e roncando o tempo todo, na sala do AP.

A barba crescida e a unha do pé de tão grande tá até arranhando o azulejo do rodapé da sala.

Pela manhã no chão do banheiro, depois dele sair do trono a senhora encontra aquela cueca rasgada que ele largou lá com aquela freada de 3 metros, azedando ainda mais o ambiente.

A essa altura, muito entediado, ele começa a dar chutes no cachorro e a dar puxão no rabo do gato por seguidas vezes só pra encher o saco.

À tarde começa a caminhar pela sala do apartamento de um lado pra outro, pra lá e pra cá, com uma latinha de cerveja na mão, de olho na fechadura da porta trancada.

E você aí, sentada na poltrona, assistindo o Vale a Pena Ver de Novo, enquanto ele coça o saco, esticado no sofá da sala sonhando com o torresmo e a cachaça do buteco do Guarabira. Doido para ir pra rua assistir um jogo do Flamengo, mas se contenta com uma reprise de Flamengo X vasco na TV.

Haja Corona!!! Haja tédio!

A essa altura você não suporta mais esse confinamento com o "misaravi" 24 horas preso dentro casa com você, o cachorro, o gato, as crianças e o odor ácido do savaco cabeledo do sujeito. Hajaaaaa amor!!!!

E quando chega a noite, ele perde o sono e vai para o computador visitar o EXVÍDEO. Meia hora depois, volta para cama e pergunta: Você tá naqueles dias, né? Ela responde que não. Ele insiste: Então você tá com dor de cabeça? Porquê pergunta? Claro que não. Ele então fala pra ela com aquele bafo de quem nunca viu uma escova de dentes, enfiando a lingua esbranquiçada no ouvido dela. ERA SÓ O QUE EU QUERIA SABEER!

Um grito de terror ecôa pela casa: Vade retro Cramunhão!

Bom, é isso ou meio isso. Ou até nada disso!