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Nosso eu Cerrado

Nosso eu Cerrado: Reconexão e Reconhecimento

 
 

Esse texto foi escrito coletivamente para uma campanha de sensibilização sobre a importância do Bioma Cerrado, como também para lembrar o Dia Nacional do Cerrado comemorado no dia 11 de setembro. Os autores estão identificados no final do texto e todos são membros de organizações sociais que trabalham incansavelmente para proteger o Cerrado.

 
 
 

Descritivo da campanha

 

O mote da campanha é: Nosso Eu-Cerrado: reconexão e reconhecimento.

 
 
 

Trata-se de uma campanha afetiva, com uma abordagem diferente da costumeira, quando o foco maior é em dados e denúncias. A campanha visa sensibilizar o público a partir daquilo que nos une: as memórias, sensações e sentimentos que nos constituem Eu-Cerrado.

 
 
 

Para além disso, a campanha apresentará o Cerrado a partir de seus arquétipos: Cerrado Abrigo; Cerrado Berço das águas; Cerrado Jardim-pomar; Cerrado Farmácia.

 
 
 

Os objetivos compartilhados são:

 

· Promover a reconexão com o Cerrado e o reconhecimento de suas belezas e potencialidades

 

· Unir as vozes das organizações componentes do programa Acelera Cerrado em prol da proteção do bioma

 

· Inspirar outras ações colaborativas pelo Cerrado

 

Somos Natureza, somos Cerrado. Somos Ela e Ele, num só corpo de vários de nós, atados e desatados. Reconhecer isso é nos reconectar com o nosso Eu-Cerrado, nossas memórias, saudades, alegrias e tristezas. O Cerrado é o abrigo estacional que nos acolhe junto a todos os povos e animais; o jardim-pomar diverso que nos alimenta; o berço das águas cristalinas que nos refresca, sacia nossa sede e nos enche de gratidão pela existência; e a farmácia viva que nos cura e revela a bondade da criação que já traz em si a solução para todos os males. Desejamos que Ele viva, se regenere e embale os sonhos de muitas histórias que estão por vir.

 
 
 

Cerrado Abrigo

 
 
 

Ao entardecer, recebi uma mensagem:

 
 
 

Cerrado que abriga, veste, alimenta e faz nascer. A minha memória do Cerrado foi quando vim do Rio pra cá de ônibus. A mudança na paisagem me encantou. Era julho. Foi a primeira vez que vi um Cajueiro pretinho de carvão, pretinho, e com uma única folha verde, linda, frondosa. Essa cena nunca saiu da minha memória, meus olhinhos se encheram de água e senti que meu lugar era aqui. A força daquela folha...

 
 
 

Era de Flávia. Sua mensagem vinha do cerrado de Taquaruçu/Palmas (TO), enquanto nós a recebíamos em outros cerrados: Christiane e eu, no de Belo Horizonte (MG), diante da Serra do Curral; Camilla e Cristina, no de Brasília (DF); Evelyn e Luciano, no de Serro e Diamantina (MG), na Cadeia do Espinhaço; Fernando, no de Pirenópolis (GO), na Serra dos Pirineus; e Nirmana, no de Chapada dos Guimarães (MT). Mas notei que, mesmo entre centenas e milhares de quilômetros de distância, estávamos nos diferentes cerrados de um mesmo Cerrado, um mesmo bioma-abrigo, que ocupa uma área de 2 milhões de km2, equivalente a 21% do território do país, com aproximadamente 46 milhões de habitantes. Dentre os biomas-abrigos do Brasil, o Cerrado é o segundo maior, depois da Floresta Amazônica.

 
 
 

Cerrado Jardim-Pomar

 
 
 

Quando já se fazia noite, recebi outra mensagem:

 
 
 

Ao transitar entre as árvores tortuosas do cerrado, vivo, belo, cheio de cores e cheiros, pode-se colher seus frutos tão diversos: Jatobá, Pequi, Guariroba, Mangaba, Araticum, Cajuzinho, Cagaita e por aí vai tantos sabores. Inacreditável a quantidade de alimentos que o Cerrado oferece para quem se adentra nele com os sentidos acordados. Que riqueza essas memórias.

 
 
 

É como entrar em um jardim mágico, a beleza encantada do Cerrado. Parece que moram fadas escondidas em cada canto. É preciso andar devagar apreciando, com olhar atento suas minúcias, com tantas formas. É um convite a pisar leve.

 
 
 

Era de Evelyn, descrevendo sua experiência sensorial no bioma-jardim-pomar. A diversidade de odores, sabores, cores e formas descritas por ela caracteriza a composição da riquíssima biodiversidade da flora do Cerrado, que possui 12.829 espécies de plantas, das quais 44% são consideradas endêmicas. Além da alta diversidade florística, o Cerrado também possui uma alta diversidade fitofisionômica, com formações florestais (cerradão, mata ciliar, mata de galeria e mata seca), savânicas (cerrado restrito, parque cerrado, palmeiral e vereda) e campestres (campo limpo, campo sujo e campo rupestre ferruginoso e quartzítico). O ambiente descrito por Evelyn é um cerrado restrito ou parque cerrado.